Victor estava ali naquele palco pequeno quando ela
finalmente chegou. Carolina não era muito jeitosa, mas
aquele dia, ela parecia outra pessoa. Entrou como se não
precisasse provar nada a ninguém, sentou-se perto do palco
e pediu uma cerveja. Por dentro ela estava aflita, com
aquele típico medo de rejeição, porém deixou que as coisas
acontecessem.
Enquanto dentro de Carolina borbulhava a incerteza do
momento, Victor estava em meio a “Leãozinho” de Caetano
Veloso. Quando o último acorde foi feito, seu rosto se
encontra com o de Carol. Ela o olha com a intensidade. Ele
retribui. E sorri.
A selva de pedra parecia derreter. O clima estava
extremamente quente e ainda assim, caia a chuva. O seu
estava uma mistura de cinza com laranja. E embaixo dessa
enxurrada, estava Victor e Carolina. Eles se observavam.
Como as suas roupas estavam grudadas, de como os seus
cabelos grudavam no rosto, de como queriam se abraçar.
- Por que é que parece que eu já te conheço há tanto tempo
e que essa cena é familiar? – perguntou Carolina forçando a
voz ao grande barulho da cidade.
- Por que você pensa exatamente o mesmo que eu? E que isso
já aconteceu? – respondeu Victor.
Os dois se abraçaram. E pareceram respirar um novo ar,
muito mais limpo, quem sabe até de um campo.