terça-feira, 2 de julho de 2013

Parte 1

Eu te conheci assim, sem querer. Você não tinha mais nada pra fazer, resolveu passar no bar e puxar os amigos para conversar e bebericar cerveja.
Eu estava cansada daquela rotina. A minha vida já não me trazia surpresas, eu já não sentia nada, tudo era tão... tão só a vida. Entrei no mesmo bar, afim de não lembrar, nem de esquecer. Apenas bebericar mais um dia.
Foi então que conversamos. Eu estava no meu estado máximo de graça: eu não tinha que ser nada além de mim mesma para você, afinal você era só você. E o mesmo com você. Rimos de nós mesmo, bêbados e bobos.
Como não somos feitos apenas de alcool, nos olhamos com desejo. Já que estavamos brincando, por que não nos beijarmos? Seria sempre uma brincadeira.

Caminhei até minha casa cambaleando. "Ai, como eu bebi!" eu pensava. E como essa brincadeira foi divertida, sem me tocar que... olha só, quem diria! A minha vida estava andando. Aquela vidinha que eu tinha deixado sentada na poltrona do conforto. O conforto de não me apaixonar, de não viver, de apenas estar ali, como todos os dias.
E com o passar dos dias, a vida foi andando mais rápido ainda. Nós nos viamos todos os dias mas era isso. Isso de te beijar, abraçar, desejar e depois andar e viver a vida. Eu mesma me enganei de que isso não me afetava! Te encontrava, saia da minha jaula, me permetia e depois saia andando. Andando novamente para a caixinha do meu conforto: "não, eu sou feliz assim. Não, isso é bobagem. Não, eu não quero que ele me olhe de outra forma. Eu não o olho de outra forma. Qual mais forma existe? Estou aqui me convencendo que ninguém gosta de mim e eu não gosto de ninguém!".
O engraçado era você pensar e passar pelo mesmo que eu. Sem sabermos.

Enquanto eu me enganava aqui do outro lado, me dizendo que não amava ninguém, você tinha outro caso, outra mulher. Ela foi a única de me fazer estremecer na minha casca. Linda, muito linda. E eu? Eu era o que?
Só que você me confundia. Por que tendo ela ao seu lado, ainda assim me procurava?
Foi então que no dia que você me entregou um pacote surrado, com um grande laço amarelo que eu entendi. Você também estava se enganando aí desse lado.

Que bom.
Hoje você é só você. Só alguém que deixa eu ser eu mesma, que me abraça, que diz querer cuidar de mim, que tem uma beleza única.

Estou perdidamente apaixonada.